Ventos que sopram mudanças Instalação de parques eólicos transformam a paisagem de Parazinho e mudam a rotina de seus moradores.
A zona rural do município de Parazinho, a 120 quilômetros de Natal, vê a transformação da sua paisagem. Ao invés da paisagem agreste, os moradores convivem com grandes estruturas espalhadas pela região. A novidade, além de modificar a paisagem, mexe também com quem mora no local. Há uma semana, mais de 100 crianças receberam cata-ventos de plástico em uma ação de cidadania realizada na sede da comunidade Fazenda Alívio, com mais outras quatro comunidades. É lá que está sendo instalado o campo de eólica Santa Clara, incrustado na comunidade. A parceria entre a Wobben Windpower (responsável pela construção das torres dos aerogeradores) e a empresa de consultoria ambiental Bioconsultants atendeu centenas de habitantes do município
Empolgados com os cata-ventos os amigos Marcelo Freitas e Carlos Augusto Júnior, ambos de 11 anos e moradores da comunidade Alívio, contavam as novidades que descobriram nos últimos tempos, com a chegada dos parqueseólicos. Marcelo começa a explicação: "Estes são os cata-ventos, também chamados de aerogeradores. Eles que criam...", completa o amigo Júnior. "... a energia eólica, dos ventos", em tom professoral.
Marcelo e Carlos Augusto explicam a força dos ventos Para quem teve o primeiro contato com os representantes das empresas, a manhã de ações na comunidade foi bastante proveitosa. "Sempre é bom para as crianças passar um dia diferente. E para mim também foi bom, porque conheci o trabalho das empresas de que o povo tanto fala, que vão construir as torres", afirma a dona-de-casa Francinalva Ferreira, mãe de três crianças.
As novas informações não chegaram apenas aos mais novos. Um exemplo disso é o agricultor Antônio Madaleno. Há mais de quatro décadas vivendo na zona rural, sabe decorado todas as benesses trazidas - e as que ainda estão por vir - pelos campos da energia dos ventos. "Vão pintar nossas casas, trazer água e o calçamento, só de início. Espero que as torres também sejam instaladas perto de lá de casa. Ninguém nunca podia imaginar que, um dia, o desenvolvimento ia chegar tão rápido para nós. O que me deixa triste é que muita gente ainda fala besteira, dizendo que as torres vão acabar com tudo", conta Antônio.
Compensação
Representante da direção da Wobben Windpower - subsidiária da alemã Ercon - o executivo Luiz Fernando Scapol considera ações como estas uma forma de compensação para os moradores e para região, que chega a sofrer um impacto ambiental momentâneo com a instalação inicial das torres. "O que nós fazemos é uma invasão, literalmente. A chegada de carretas, pessoas e até uma fábrica, como a que foi instalada no Alívio é uma agressão à vida destas pessoas. E como trabalhamos, junto com a Bioconsultants, uma forma de gestão sustentável, resolvemos viabilizar esta ação social, como forma de compensar toda esta mudança", explica o assessor da direção da Wobben no RN.
Ainda segundo ele, já existem projetos para criação de cursos de educação e profissionalizantes para moradores de toda região atingida pelos campos eólicos - Parazinho, Pedra Grande, João Câmara. "Pretendemos realizar cursos de alfabetização para adultos e de capacitação profissional, especialmente na área da construção civil, que é o foco da nossa atuação aqui em Parazinho", afirma Fernando Scapol. O executivo pretende trazer a experiência bem sucedida da instalação de uma fábrica da Wobben Windpower na região do Pecém, no Ceará, para o território potiguar. Quando da instalação da fábrica cearense, que produz até hoje todos os elementos para construção de aerogeradores, dezenas de habitantes da região foram levados para sede da Enercon, na Alemanha, para realização de treinamentos.
Fonte: Diário de Natal
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